sexta-feira, 7 de setembro de 2012

UM MEIO DE CAMPO CONTURBADO


                                                                                   
                                                                                              

Nosso time familiar era muito grande, minha mãe, então, distribuiu-nos por internatos em diferentes colégios e cidades. Cada final de semana ela ia visitar um filho. Demorava a chegar a nossa vez e a saudade era tanta, que para aplacá-la, saíamos às escondidas do colégio e íamos passear pelas ruas da cidade. Coisa chata, ruas vazias, nada pra fazer. Só a voz do locutor radiando o jogo de futebol, que repercutia pelas calçadas das casas por onde passávamos. Depois de duas ou três escapadelas, desistimos. Voltávamos esfomeadas, cansadas e aborrecidas. Da experiência só ficou aquela sensação de melancolia que a voz do locutor narrando o jogo nos fazia sentir. Sensação que nos acompanha até hoje ao ouvir a narração dos jogos.


Na adolescência tudo mudou. O futebol virou uma grande alegria. Meus irmãos com os amigos, formaram um time de futebol e aos finais de semana viajávamos com eles, na maior torcida. Na verdade eu só gostava da festa, nunca me interessei muito pelos jogos. Aos dezesseis anos namorei um juiz de futebol. Acompanhava-o no curso de formação e aos treinos dos jogos. Só prestava atenção nele e nem sabia o que estava acontecendo em campo.






Mais tarde casei-me com um fanático torcedor do Flamengo. Quando seu time fazia um gol seu berro ecoava por toda a cidade. Quando fui para a maternidade, enfeitando a porta do quarto havia um boneco vestindo as cores do time. Seu primeiro presente para o garoto foi uma camisa do flamengo. Uma vez, como presente do aniversário de namoro levou-me ao Maracanã, onde eu nunca tinha ido, para assistir ao final do Campeonato Carioca, FLAMENGO x .... (não sei qual era o outro time). Adorei os balões que aos milhares cobriam o estádio. A torcida era um show à parte. Nunca tinha visto tantos fogos, tantas bandeiras, tanta gente junta. Achei tudo tão lindo que distraída, nem olhava para o campo. O garoto cresceu, hoje quando grita e comemora seu time num estrondoso GOOOOOLLLLL ....... um outro berro continua ressoando pela cidade, acompanhado de fogos, estrondos e assovios, vindos do infinito. É o pai que de lá ... continua comemorando seu time do coração.


Texto de Marina Alice Rezende
Imagens Internet




4 comentários:

  1. Eu não o conheci, mas sei que seu pai também era um grande desportista - não sei se jogava futebol. O nosso avô, este sim, foi um dos maiores craques/ídolos da história do time amador do Clube Ribeiro Junqueira, de Leopoldina-MG, cujas cores são as mesmas do Flamengo. Na época, 1916/1917, ele era conhecido como Dudu. Nosso tio Murilo foi um grande atleta - e foi colega de turma do Parreira. Os seus irmãos também jogavam bem - eu vi. Com certeza, todos estes, mais os que você citou, formam um grande time que está dando eco às suas palavras, recheadas de muito carinho, leveza e emoção. E recobertas de muito talento. Ótimo. Parabéns! Primo Plinio F. Alvim (tô na torcida, porque sempre fui 'perna-de-pau').

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