domingo, 26 de fevereiro de 2012

TREMHÉNHÉN

       
        Em palestra ministrada em 13/02/2012, no auditório da AENFER – Associação de Engenheiros Ferroviários, Rio de Janeiro, Plínio Fajardo Alvim fala sobre a revitalização do transporte sobre trilhos, com geração de desenvolvimento econômico e social.


         "O Brasil começa, finalmente, a despertar da letargia que, há décadas, vem emperrando o desenvolvimento do transporte ferroviário. Muitos ainda não conseguem, infelizmente, alcançar a verdadeira dimensão de atualidade e de futuro que representa o modal ferroviário, sob várias perspectivas – econômica, ambiental, social, tecnológica, turística e cultural.

Um dos temas abordados no encontro foi a matéria ‘Trens Turísticos receberão R$ 500 milhões’, publicada pelo ‘O Globo’, no dia 12 de fevereiro. O Presidente da AFL, Sávio Neves, citado na reportagem - e que também preside a ‘Ass. Bras. de Operadoras de Trens Turísticos e Culturais’ e a ‘Estrada de Ferro do Corcovado’ - ressaltou que, pela primeira vez, o assunto “Trens Turísticos e Culturais” foi publicado no ‘Caderno de Economia’ de um grande veículo de comunicação. Contudo, enfatizou que o investimento federal ainda está muito aquém do necessário para o crescimento do setor. Também se falou da implantação de um projeto piloto de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), pela COPPE, na Ilha do Fundão – Cidade Universitária da UFRJ; e na provável indicação de um especialista em Ferrovia, Antonio Pastori, para assumir uma das diretorias da ANTT. Apesar de não comentada na ocasião, vale lembrar a existência de estudos para a criação do Curso de Engenharia Ferroviária na UFJF, a exemplo do que está sendo implantado em Paraíba do Sul–RJ.

Além disso, cabe relembrar que a economia nacional clama por investimentos em infra-estrutura. São, portanto, recorrentes os projetos que visem à ampliação das ferrovias para melhorar a eficiência e minorar o custo do transporte de passageiros e de cargas; o que, num futuro próximo, também repercutirá a favor da diminuição das emissões de gases poluentes - tanto na utilização/adaptação de locomotivas movidas a fontes de energia não poluidoras, quanto na redução do número de caminhões, ônibus e automóveis circulando - mudando, pois, o arcaico e ineficiente exclusivismo do modal rodoviário brasileiro. É evidente que tais ações ajudarão a reduzir os riscos do inexorável Aquecimento Global.

Não devemos pensar tão somente no aspecto do bucolismo da “Maria Fumaça” e das antigas Estações e demais instalações ferroviárias. É óbvio que os preservacionistas são favoráveis à idéia de se dar uma destinação prática e racional aos bens ferroviários históricos, adequada à realidade, com uma efetiva utilização cultural, lúdica, histórica, social, econômica, etc; sem, contudo, destruí-los, descaracterizá-los, inviabilizando o seu uso. Basta que se vejam os projetos já implantados e os que estão sendo desenvolvidos pelas entidades preservacionistas ferroviárias, Brasil a fora, em parceria com entidades públicas e privadas.

Em Além Paraíba/MG, o projeto do ‘Trem do Chorinho’ é um exemplo típico de Trem Turístico e Cultural com um forte viés social e foi criado por Nilo Ovídio L. Passos e desenvolvido com o apoio e a parceria do Instituto Culturar, da Ass. Bras. de Preserv. Ferroviária–Reg. Porto Novo e da antiga Ass. Gestora do Circuito Áreas Proibidas. O projeto prevê a interligação de vários pontos turísticos, entre Além Paraíba e Volta Grande (podendo ser estendido à Pirapetinga e cidades do vizinho estado fluminense), e a realização de obras de restauração, de adaptação e de reformas necessárias à utilização dos equipamentos ferroviários que o compõem – nas estações, linhas, oficinas e demais edificações, nas máquinas, carros-de-passageiros e vagões, nos materiais fixos e rodantes, etc. Além, é claro, da estruturação dos equipamentos e serviços periféricos – cais, bares, restaurantes, museus, bibliotecas, lojas de artesanato e souvenir, transportes auxiliares; e, também, seleção e treinamento de pessoal, etc.

Entretanto, para que os projetos sejam implementados, é preciso acabar com o ‘tremhénhén” dos céticos e desinformados e encarar o trem como Opção de Futuro. O potencial regional e nacional, o cenário favorável e os exemplos de sucesso estão aí, disponíveis. Só não vê quem não quer".

* Plinio E. Fajardo Alvim – Leopoldinense. Membro da Academia Ferroviária de Letras. Administrador. Ferroviarista. Ambientalista. Pesquisador da História Regional.


www.trembrasil.org.br




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