sexta-feira, 26 de outubro de 2012

PRIMITIVO COME CRU


Primitivo come cru
foto: Flickr/ NoIdentity – CC BY-NC-ND 2.0

      

Resultado de estudo brasileiro mostra que o desenvolvimento da habilidade de cozinhar teria sido decisivo para a evolução humana, por oferecer calorias para sustentar as necessidades diárias do metabolismo de um cérebro maior.


Estudo aponta papel limitador imposto pelas demandas metabólicas à evolução dos primatas e apresenta mecanismo inédito que explica o rápido aumento de tamanho do cérebro dos hominídeos de linhagem humana.

O que o homem tem que nenhum outro animal tem? Talvez um cérebro muito poderoso? Ou a capacidade de fala? Tudo isso pode ser verdade, mas foi possibilitado por algo mais fundamental: a habilidade de cozinhar. Pelo menos é o que aponta um estudo brasileiro publicado hoje na revista PNAS.

Comparando as necessidades metabólicas de diversas espécies de primatas, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro comprovaram que essas demandas representaram uma barreira para o desenvolvimento cerebral desses animais. 

A ingestão de alimentos cozidos pode ter sido o grande ‘pulo do gato’ evolutivo, que possibilitou o surgimento de cérebros maiores, como o nosso

A questão do tamanho do cérebro do homem tem intrigado a ciência há muito tempo. Em 2009,  um estudo do mesmo grupo responsável pela pesquisa atual derrubou o mito de que nosso cérebro teria um tamanho extraordinário. Ele concluiu que a proporção do cérebro humano em relação ao nosso corpo é semelhante à encontrada em primatas menores. Os resultados também mostraram que o cérebro do homem tem uma quantidade única de neurônios, cerca de 86 bilhões, mais que o de qualquer outro animal.

Essa revelação trouxe novas perguntas. Em especial, por que grandes primatas, como os gorilas, não obedecem a essa proporção e têm cérebros relativamente pequenos? Que fatores teriam limitado essa evolução? Essas foram algumas das motivações do estudo realizado pela bióloga Karina Fonseca-Azevedo em sua monografia de graduação, que gerou o artigo publicado hoje na revista PNAS.

Uma nova etapa do trabalho já está em andamento. Agora, em seu mestrado, Fonseca-Azevedo pretende utilizar o modelo desenvolvido para estudar outros ramos de mamíferos. A ideia é entender que tipos de limitações impediram que outras espécies conseguissem desenvolver cérebros com um número de neurônios comparável ao nosso.


Marcelo Garcia
Ciência Hoje On-line
http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2012/10/primitivo-come-cru

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A CRIANÇA E O VELHO


A criança é como um lindo rebento de planta, um botão de rosa, tenro e frágil, delicadamente surgindo, ainda surpreso com a luz, temeroso com o desconhecido.  Abre os olhos de vez em quando, até a coragem chegar, ou a curiosidade para ver tudo o que está perto, sem entender ainda, nada do que vê. É rodeado de cuidados, porém, o tempo passa, e ele, em seu dia a dia, cresce e aprende gradativamente, a viver a sua vida, jovem, adulto.

Tantas etapas decorridas, tantos acontecimentos vivenciados, tantos desafios enfrentados e vencidos, tantas responsabilidades assumidas. O tempo passando, a vida seguindo, ininterruptamente, anos e anos, e assim, a idade, sorrateira e mansa chega. Depois de todo o tempo em que o trabalho ocupou os seus dias, as suas horas, se vê reconhecido e premiado por um merecido descanso. Se durante os anos que se passaram, não aproveitou, muitos ou alguns momentos de lazer, agora tem todo o tempo para fazê-lo: viagens, programas sociais e outros que desejar.

A idade chegando traz vantagens e algumas desvantagens, naturais. À algumas pessoas, o tempo prejudica e maltrata mais que a outras. As fisionomias mostram, claramente, a maldade ou a complacência dele. Aí chamamos estas pessoas de "idosas", mas carinhosamente vou chamá-las de "velhos". Muitas vezes até dizemos "nossos velhos".

Por mais saudáveis que possam se conservar, a idade limita, pesa, restringe as atividades, a sensibilidade, a mobilidade.

Alguns devem conviver com alguma doença, mas outros são bastante ativos, companheiros e amigos. Amigo dos amigos, dos familiares, e, sobretudo, das crianças e dos netos. Por vezes, por idade, ou por algum mal estar, os "velhos" se tornam impacientes, e até ranzinhas, o que os afastam um pouco das pessoas, mas também, existem aqueles que são tão amorosos que têm sempre alguma criança em seu colo, como um eterno Papai Noel, ou então, sempre alguém os procurando para sorver um pouco de sua experiência, seus conhecimentos, seus conselhos.

A idade avançada, hoje, mereceu consideração, surgindo até leis que a protege. Aos velhos é devido todo respeito, mas porém, o que mais importa e traz alegrias é ter um "bom e simpático velhinho" em nossa convivência, que nos ensina os bons caminhos da vida, como vencer os obstáculos, como acreditar nas pessoas, ter confiança em sua própria capacidade e em suas possibilidades. Aqueles que incentiva aos jovens e familiares, e porque não dizer, frente as dificuldades da vida moderna, até auxilia nas necessidades diárias dos seus descendentes. Muitos, ainda, são até arrimo da família. Segura firmemente a barra quando surgem as dificuldades. Os nossos "velhos" devem ser tratados com muito carinho para que possam ser, por muito tempo, nossa rica fonte de sabedoria, bondade e amorosidade.

Criança é inocência é doçura.
Velho é maturidade é moderação.
Criança é vivacidade é vigor.
Velho é conhecimento é experiência.
Criança é curiosidade é descobertas.
Velho é complacência é sabedoria.
Criança é ternura é alegria.
Velho é prudência é serenidade.
Criança é esperança é sonho.
Velho é vivencia é realidade.
Criança é luz é manhã.
Velho é crepúsculo é ocaso.


No decorrer do tempo, a vida vai mostrando, delicadamente, todas as suas nuances para que a pessoa, sem pensar, nem perceber, vá seguindo o seu caminho com tranquilidade e paz.

A criança e o velho podem ser considerados, com todo amor e carinho, os representantes do início e do fim de uma linda e feliz vida. O botão e a semente de uma vida. 


Texto de Marly Fajardo Braga, maio/2012.
Ilustração Internet.