sábado, 28 de abril de 2012

LUCY: A mais antiga antepassada conhecida



Hominídeos usavam utensílios há 3,4 milhões de anos

Lucy

      Os antepassados do homem moderno utilizavam instrumentos de pedra há 3,4 milhões de anos, uma descoberta que muda a visão da ciência sobre Lucy, a avó mais famosa da humanidade, que viveu nessa época. A descoberta, que faz recuar em mais de 800 mil anos a utilização de instrumentos por parte dos antepassados do Homo sapiens, foi publicada na revista Nature.

    O Homo habilis, que viveu há 2,5 milhões de anos, foi assim chamado porque usou instrumentos. Isso tornou-se evidente quando se descobriu a espécie. Mas, mais recentemente, o achado de ossos de mamíferos com marcas de cortes junto a outros ossos de Australopithecus afarensis (a espécie de Lucy), em Gona, na Etiópia, pôs os antropólogos a pensar. A ligação directa entre ambos os achados acabou, no entanto, por não poder ser estabelecida, pois apareceram também, nas mesmas escavações, fósseis do gênero homo. Estes antepassados mais directos poderiam ter sido os utilizadores de instrumentos de pedra naquele contexto. 

    Agora, uma equipa coordenada pelo paleoantropólogo Zeresenay Alemseged, da Academia das Ciências da Califórnia (EUA), fez um achado na região de Afar, mais uma vez na Etiópia, que altera toda a história.

    De facto, os investigadores encontraram ossos de um grande mamífero, datados de há 3,4 milhões de anos, com marcas inequívocas de terem sido cortados por instrumentos de pedra. O objectivo teria sido retirar a carne do osso e também a medula óssea no interior para consumo, segundo os investigadores.

    Esta era a prova que faltava para ficar estabelecido que os Australopithecus afarensis eram utilizadores de instrumentos de pedra.

    «A partir de agora, quando imaginamos Lucy caminhando em busca de alimento no Leste africano, vemo-la pela primeira vez com um utensílio de pedra na mão, à procura de carne», afirmou Shannon McPherron, do Instituto Max Planck, na Alemanha, e co-autor do estudo.

    Para o líder da equipa, Zeresenay Alemseged, «esta descoberta faz recuar muito o momento a partir do qual os nossos antepassados mudaram as regras do jogo». E isso, disse Alemseged, permitiu-lhes explorar «novos tipos de alimentação e novos territórios».







Henrique Antunes Ferreira, jornalista/escritor
Lisboa, Estremadura, Portugal
Dos livros escritos, o primeiro de ficção (Abril 2008): «Morte na Picada», contos da guerra colonial em Angola 1966/1968.



Antunes Ferreira, publicado em 23082010.


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