domingo, 27 de novembro de 2011

THALYA

Inspirado na estradinha de terra
 que leva à Angustura/MG.

      Thalya era uma linda mulher.  Linda e esquisita.  Ninguém sabia nada sobre ela, quem era, de onde vinha e o que fizera até então. Simplesmente aparecera. 
Devia ter sangue nômade nas veias, pois de quando em quando, sumia. Diziam que em certas noites ela saia à pé pela estradinha de terra que leva à auto-estrada. Lá, pegava carona e sumia por meses.


Lugar pequeno, povo curioso – Ela apenas sorria, escorregadia, respondendo às perguntas com outra que não tinha nada a ver. Simpática, mas arredia e de pouca prosa, chamava a atenção por sua beleza e seu ar meio “desligado”. Ás vezes, saía descalça, vestido florido arrastando pelo chão, e pequenas flores enfiadas, como brincos, nos buraquinhos das orelhas. Dizia que precisava sentir o contato com a natureza. Pisava descalça a terra e roçava-se na vegetação o que lhe causava pequenos arranhões fixando o cheiro de mato na pele. Sempre cheirosa, gostava do perfume das flores.
Em noites de lua cheia, era vista dançando em volta das árvores, com fina camisola, transpassada pela luz do luar, dando-lhe um aspecto fantasmagórico.
Uns achavam-na louca, outros, que fazia “tipo”.
Hoje, apenas um retrato antigo no mural da igreja, lembrando um evento qualquer em que participara, antes de sumir para sempre na estradinha de terra que leva à auto-estrada.


*Autora do conto e desenho: Marina Alice Rezende

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