sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

CRESCENDO JUNTOS

       Mal o bebê começava a sugar a chupeta amarrada na ponto da fralda, a gatinha, sorrateiramente, enfiava-se por debaixo das cobertas e começava a chupar a outra ponta da fralda. Aquilo já havia virado um hábito, acontecia praticamente todos os dias, nos horários os mais variadas. 

           Ninguém sabia de onde vinha aquela gatinha. A mãe do bebê odiava aquilo, pensava que o animal poderia transmitir alguma doença ao seu filhote, então, corria com a gatinha dali, agindo diferente do pai que adorava olhar o bebê e a gatinha sugando a chupeta e a ponta da fralda naquele barulhinho tsuc ... tsuc ... tsuc ... interminável. A gatinha parecia imitar o barulhinho do neném chupando a chupeta, ou era o contrário? A mãe desconfiava que o marido talvez tivesse alguma coisa a ver com o aparecimento da gatinha, mas ele jurava que não.
         Assim, ela acabou por aceitar essa situação, adotando o felino, não antes de higienizar a pobre gatinha que era obrigada a tomar pelo menos um banho por dia. 
       
         Os dois filhotes cresceram juntos. A gata era levada para todos os lados dentro da mochila do menino e eram parceiros em várias brincadeiras, o que deixava a mãe de cabelo em pé, principalmente, na hora do futebol, quando o felino era jogado como um bola, na rede, e ao pousar sobre ela, a gata pulava ao chão e numa corrida de dar inveja a qualquer atleta, se jogava no colo do menino e continuavam com a brincadeira até que o primeiro a se cansar pusesse fim a ela.
        Como a criança morava em frente à escola era comum a gatinha ser vista andando sobre o muro do colégio ou esperando pacientemente o término das aulas deitada no banco do pátio externo.
         
      Aos dezesseis anos o rapaz nem se iniciara ainda na vida adulta e, a gata, já matrona e gorducha, preferia ficar dormitando em sua almofada, raramente saindo com seu dono. Ele então passou a treinar o futebol, com o filhote nascido da última ninhada, sob o olhar atento da mamãe gata. Mas o filhote também agora entrando na vida adulta, só queria saber de correr atrás das gatinhas, não demonstrando o mínimo pendor para os esportes. Compreensivo, o jovem resolveu deixá-lo em paz, afinal ele também, agora, estava mais interessado em outro tipo de gatinhas, aquelas dos longos cabelos que balançavam ao vento em ritmo cadenciado.




* Autora: Marina Alice Rezende
      

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